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Joana Casteleiro

Tecer o Metaverso

Joana Casteleiro-Pitrez
Professora de design na Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira Interior
PS05 Design e Serviços Digitais

Neal Stephenson cunha o termo metaverso no seu livro de ficção científica Snow Crash. Diria que não podia ser mais promissora esta coincidência sendo a cidade da Covilhã considerada a cidade neve. O metaverso descrito por Stephenson como o sucessor da internet, é um espaço virtual compartilhado e coletivo, criado pela convergência de realidade física virtualmente aprimorada e espaço virtual fisicamente persistente, inclui a soma de todos os mundos virtuais, a realidade aumentada e a internet. A curadoria de design e serviços digitais, pretende construir precisamente este lugar no metaverso através do design. A realidade virtual a realidade aumentada e a realidade misturada juntamente com o design têm um potencial enorme para transformar a cidade: o património, os serviços públicos e as interações com os cidadãos. A estrutura conceptual, tecer o metaverso, significa então o desígnio, o projeto, a criação, o design e a produção de novas camadas de informação digital, novas interfaces, formas de interação e reflexão que empoderam o ser humano.  

Para além de todas as outras dimensões presentes nesta candidatura a Covilhã merece esta dimensão metavérsica que se manifesta nesta curadoria através de três vetores: a) a recuperação da memória coletiva do património industrial covilhanense; b) a promoção do design participativo na realidade territorial urbana; c) a inovação no contexto do ensino-aprendizagem. 

É nesta dicotomia entre o passado que a cidade teceu com diversos fios e o futuro que nascerá do design, da transformação digital e da partilha de experiências, que vejo a candidatura da Covilhã Cidade Criativa da Unesco em Design. Uma candidatura que preserva o património material, imaterial e o saber-fazer, e que partindo daqui admite criar uma cidade do futuro mais cosmopolita, mais criativa, mais inclusiva, mais inovadora, mais digital, mais social e integrada numa rede mundial. Que o cariz transversal do design nos permita sonhar com essa cidade porque “Quando um homem sonha o mundo pula e avança…”

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